É inovação ou copiação?
a pesquisa qualitativa é mais importante hoje do que nunca - by VP de Marketing do Google
Entre festas de família, competições de Trail run e casamentos a news está de volta com um tema que nunca sai de pauta. Vamos nessa?
🎯 Objetivo: refletir sobre o papel da pesquisa qualitativa na inovação de produtos e construção de marcas
📖 Flow de conteúdo:
Parte 1) contexto
Parte 2) opinião
Parte 3) exemplos - Chanel e Linkedin
Parte 1) Contexto
Esses dias deu no 'the bizness' que o processo de inovação de produtos está mudado e eu concordo. Para gente alinhar pensamentos, aqui um trecho da notícia já resumido:
A Edikted é uma empresa de fast fashion que cria novos produtos em 12 dias, fazendo 150 lançamentos mensais. Ela faz isso a partir de uma tecnologia que monitora vídeos populares no TikTok e identifica quais estilos copiar. Uma estratégia bem parecida com o que a Schein faz.
Leio isso e automaticamente a minha cabeça já lembra de uma situação parecida, mas fora do ambiente digital:
Pela minha análise selvagem, diria que existem três forças culturais que moldam essa nova forma de fazer copiação. Ops, inovação rs.
essa loucura de tempo em que você já começa o dia atrasado
a tara maluca por dados acompanhada por uma hipervalorização do discurso lógico e racional
o constante aperfeiçoamento das redes sociais e inteligências artificiais
Um mais tecnológico, outro menos … mas o resultado é o mesmo: vários produtos sendo lançados em ciclos cada vez menores, com menos diferenciação e cada vez mais genéricos.
Copiar faz parte do jogo, eu sei. Principalmente quando se está construindo um portfólio básico e quando se assume uma posição de follower. Mas o que me assusta é que cada vez mais o modelo da copiação ganha espaço vs. o modelo da inovação.
Parte 2) Opinião
Esses dias uma colega de trabalho me lançou a seguinte frase: "o mundo está obeso de dados e anorexo de insights" e eu não poderia concordar mais.
Ter dados de tendências e mercado em mãos é fundamental. Eles refletem uma mudança no comportamento geral de consumo, porém, não são o suficiente para se gerar diferenciação. Para isso, é preciso aprofundar e entender o que está por trás desses comportamentos.
A estatística básica já mandou a letra: se você quer qualidade e profundidade, a pesquisa deve ser qualitativa. Porém, parece que os profissionais de marketing esqueceram essa regra. O investimento em pesquisa qualitativa sofre uma queda constante há anos e o último relatório da IPA Bellwether reforça essa tendência.
Mas também não vamos achar que é só sair por aí fazendo entrevista em "profundidade", "trend walks" ou contratar um instituto de pesquisa qualquer. Como tudo na vida, há várias ciladas que a pesquisa quali pode nos levar - do roteiro e mediação enviesada até as conclusões óbvias - é preciso conhecimento técnico, sensibilidade e um conhecimento sobre o negócio para chegar em lugares potentes.
Em um mundo onde cada vez mais o tempo é escasso, a criatividade é um luxo, os dados reinam, a IAI avança e as pessoas só sabem entender a língua da lógica, as marcas e seus produtos vão ficar cada vez mais parecidos e sem diferenciação.
Rei será aquele que seguir o conselho de Ted Lasso: seja um curioso, não um julgador.
Parte 3) Exemplos
Vou trazer dois exemplos que eu não tenho como afirmar que vieram de pesquisas quali mas que com certeza poderiam ser insights extraídos desse tipo de pesquisa
1- Bom exemplo: a inovação de Chanel no mercado de moda feminino
Nesse filme sobre a vida de Chanel tem uma cena em que ela tenta cavalgar de vestido. Claro que foi uma experiência desconfortável já que, além de ser um vestido, a moda do século XIX, era cheia de rococós e estruturas sufocantes. Como se vivesse uma pesquisa etnográfica na própria rotina, Chanel começou a costurar peças inspiradas nos modelos masculinos e passou a usar. Suas características principais iam em contracorrente da moda na época: um design confortável, simples e extremamente chic.
Nesse exemplo seria fácil defender que o número de vestidos "estruturados" e com rococós só aumentam em vendas. Que as mulheres se sentem estilosas, poderosas e sedutoras quando o utilizam. Mas será que algum designer investigou se elas estavam dispostas a abrir mão do conforto e de vários momentos felizes da vida (tipo cavalgar) só para sentir isso?
Obrigada Chanel pela coragem e você faz falta nos tempos de hoje.
2- Mal exemplo: LinkedIn incorpora IA em sua plataforma para facilitar a produção de conteúdo dos seus usuários
O LinkedIn trouxe a inteligência artificial como feature de produto. A proposta é facilitar a vida dos usuários, segundo o Head de Produto da plataforma:
“Quando se trata de postar no LinkedIn, ouvimos dizer que geralmente você sabe o que quer dizer, mas passar de uma ótima ideia a uma postagem completa pode ser desafiador e demorado. Então, estamos começando a testar uma maneira de os membros usarem IA generativa diretamente na caixa de compartilhamento do LinkedIn.”
Parece tão simples e óbvio e é justamente por isso que eu acho um insight e solução errados. Ao longo do dia todos nós nos deparamos com tarefas desafiadoras e demoradas. É uma escolha nossa lidar com elas ou não. O papel de quem trabalha com inovação e construção de marca é entender o que motiva uma pessoa a encarar ou não esse desafio. Entender isso te faz entender o que ela valoriza e, por tanto, o que o seu produto/marca deveria entregar de valor. De fato, me questiono se as pessoas não compartilham at all as suas ideias profissionais ou se simplesmente fazem isso em outras plataformas como: substrack, spotify, falecido twitter, instagram, happy hour da firma etc
Além disso, incorporar uma inteligência artificial para desenvolver conteúdo é simplesmente plastificar ainda mais o que as pessoas postam nessa plataforma. O que vai totalmente na contramão da proposta de valor deles.
Obrigada por ler até o final :)
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🤓 - compartilha os colegas
👾 - entra para gangue de quem não aguenta mais marcas genéricas