Desconectar da rotina tem um poder de despertar minha sensibilidade. Eu entro em um estado de presença que aguça meus sentidos. Eu presto atenção às sensações e aos pensamentos que as coisas despertam. Romantizo a vida e me apaixono, de novo, por ela. Penso pouco no futuro e vivo muito o presente. Do começo ao fim das férias, eu fiquei assim. Isso acontece com vocês também?
Foi nesse estado, já voltando ao Brasil, que recebi um lanchinho para comer no avião. Eu não como carne então fui dar aquele check maroto na embalagem. Foi quando meus olhos românticos se depararam com o seguinte texto (e eu li tudo isso mesmo, rs):
seleção vegetariana
sanduíches caseiros são uma tradição típica holandesa. Levar um para o trabalho ou em viagem garante que você tenha sempre um lanche saboroso à mão. Assim como este delicioso sanduíche, que preparamos com os melhores ingredientes.
O queijo Beemster é produzido em uma queijaria com certificação de carbono neutro. Eles fazem queijos excepcionais, mantendo um tradicional método de produção artesanal.
Quando servidos com um sanduíche de ovo, os ovos vêm das casas Rondeel, que possui um conceito de alojamento único e sustentável para criarem seus frangos.
O pão premium é proveniente da padaria Carl Siegert, que fabrica pão usando métodos autênticos desde 1891.
Deu um quentinho no meu coração, acreditam? Mesmo já indo embora do país, eu senti que só de ler esse texto aprendi mais sobre a cultura holandesa. Na hora fui buscar a marca que tinha colocado o sanduba no avião. Tipo aqueles cookies da Mãe Terra que a Gol entrega, sabe? E não é que a marca era a própria companhia aérea?
Calma, não é que eles produziram o sanduíche. Bem no cantinho do back da embalagem tinha a empresa fornecedora mas eles não fizeram questão de destacar essa marca.
A KLM, empresa aérea, optou por destacar a sua marca e a dos fornecedores dos ingredientes para reforçar a sua associação de marca com a cultura holandesa e os atributos de sustentabilidade.
Nada de mais. Só isso mesmo. Mas esse "só isso" me fez pensar porque as empresas aéreas não utilizam melhor esse momento de viagem para proporcionar pequenas experiências como essa que reforçam o seu posicionamento de marca. A maioria opta por vender esse espaço para outras marcas divulgarem os seus produtos. O que é ótimo do ponto de vista de negócio, mais uma linha de receita. Mas, e se elas fossem mais seletivas e inovadoras nessa seleção para surpreender seus clientes onboard?
Eu sei, tem várias coisas mais práticas que as empresas aéreas precisam melhorar. Mas para sonhar eles ainda não estão me cobrando.
Bjo Bjo e até a próxima.