Chega de Itaú né gente, vamos falar de outro assunto. Para quem quiser saber, deixei minha opinião sobre o caso aqui.
🎯 Conteúdo: uma análise selvagem com duas óticas - a de consumidora e a de profissional de marketing.
🤓 Conceito: estilo de vida
📖 Flow:
Parte 1) Dora consumidora
Parte 2) Dora profissional
Parte 3) Conclusão
se tiver pressa, recomendo só as partes 2 e 3 ;)
E ah, um pedido de coração: me ajuda a fazer esse espaço mais enriquecedor para gente? É só responder essa pesquisa, tudo anônimo.
Parte 1 - Consumidora surpreendida positivamente
Um pensamento clássico de quem sofre com a organização de viagem é: "Vamos comprar as passagens, depois a gente faz o roteiro". E, no final, as coisas não batem. Especialmente o lugar de volta... você queria ficar mais tempo em X, mas a sua passagem parte de Y. Clássico.
Foi exatamente isso que me ocorreu nas férias. Meu voo saía de Amsterdã às 7h da manhã, e, nos dias anteriores, eu estava em Paris, cidade na qual queria ficar mais. O aeroporto de Amsterdã é relativamente distante da cidade, e se tem uma sensação tenebrosa, é a preocupação de não acordar na hora e perder o voo. Resolvi pegar um hotel a 5 minutos do aeroporto. Afinal, teria menos de um dia na cidade, e a probabilidade de perder o voo seria drasticamente reduzida. Olhei basicamente preço e fechei.
Chegando lá, fiquei surpresa.
De alguma forma, influenciada pelo meu processo prático de decisão, criei essa imagem do hotel: cama, chuveiro e café da manhã. Nada mais. Bem vibes Ibis budget.
Mas o que encontrei foi isso: um hotel com um conceito do teto ao piso (entenderam o trocadilho? Rs) que dá uma aula de execução de sua estratégia de marca.
Parte 2 - Marqueteira Apaixonada
Vamos começar pelo básico que já é acima da média:
A estratégia da marca: negócio + target + promessa + identidade.
1- Negócio: luxo acessível nas principais capitais do mundo; voltado para trabalhadores globais. Aqui, o luxo está atrelado a uma visão contemporânea de arte, conforto e experiência.
2- Público-alvo: cidadãos globais, jovens de alma.
3- Promessa: inspirar uma nova geração de viajantes modernos nas grandes cidades do mundo, oferecendo um estilo de vida luxuoso e acessível, transgredindo limites e rejeitando padrões antigos.
4- Identidade: casual, ousada e divertida.
Esses aspectos são executados em todos os pontos de contato inclusive na nota fiscal, rs. Outros exemplos mais fundamentais:
1- Arquitetura: os espaços estimulam a troca, seja para relaxar ou trabalhar. Há sofás para assistir TV e salas de reunião para trabalhar. A proposta é você se sentir em casa, ter a infraestrutura para fazer o que precisa e ainda conhecer outras pessoas por ali que compartilham a mesma situação. Há pouco investimento no espaço dos quartos.
2- Experiência: é tudo prático, check-in e check-out são self-made e funcionam. O bar e a cozinha são 24h porque, né… pessoas globais podem chegar a qualquer momento. O quarto é tecnológico e automatizado, apesar de pequeno. E claro, rola muito evento para quem quer curtir além de trabalhar #workhardplayharder.
3- Estética: a decoração é pura expressão moderna. Os elementos e suas combinações trazem a ousadia que a marca busca retratar. Até mesmo o kit de banho é branded.
4- Produtos: uma forma de capitalizar em cima de uma marca bem construída. Seja para ativar a marca com parceiros ou vender para clientes. Você pode comprar os itens de decoração, os mascotes e até o kit de banho.
O que mais me encanta é que a marca não foca apenas nos atributos do seu serviço. Eles vendem - desculpe pelo clichê - um conjunto de valores que reflete em um determinado estilo de vida apreciado pelo seu target. Faz o básico bem feito vai além.
Parte 3 - Conclusão
Antes de entrar no exemplo, uma definição do que é essa captura do estilo de vida (obs: chat GPT me ajudou no resumo e no exemplo, é ótimo!)
Douglas Holt, um acadêmico do marketing, sugere que o estilo de vida é uma forma de engajamento ativo e criativo com a cultura, onde os indivíduos utilizam produtos e serviços para construir e comunicar suas identidades e afiliações culturais.
Um exemplo prático de impacto dessa visão na abordagem do marketing:
Considere o mercado de bicicletas. Na abordagem tradicional de marketing, as bicicletas podem ser comercializadas com base em características técnicas, como leveza e durabilidade, visando ciclistas que buscam desempenho. Na abordagem de Holt, a comercialização se concentra em como elas permitem a participação em uma cultura de vida saudável, sustentabilidade e conexão comunitária.
A ênfase está na bicicleta como um símbolo de valores e identidades, como ser ambientalmente consciente ou fazer parte de uma comunidade urbana moderna, em vez de focar apenas nas especificações do produto.
CitizenM já se destaca por construir muito bem esse cenário de valores como exemplificado. Mas, para ser fiel à teoria de Holt, a marca deveria criar um diálogo com a cultura local, e aqui trago dois exemplos que parecem detalhes, mas que de fato fazem a diferença e elevam a marca a esse patamar:
O design de cada sede é pensado para refletir a cultura do local. As peças de decoração são muitas vezes feitas por artistas da região e escolhidas para te fazer admirá-las como em um museu - com presença, prontas para transformar você.
Nessa linha, para o lançamento do hotel em Roma, eles fizeram uma campanha com 6 profissionais locais que estão liderando a renascença de Roma com uma abordagem única, onde o moderno encontra o antigo.
Concorda comigo que não é só mais um hotel com serviço excepcional e preço acessível?
Bjo Bjo e até a próxima.