And we are back! Espero que essa primeira edição da news em 2024 te encontre bem. Descansado e revigorado depois das loucurinhas de final de ano. Bora para a primeira do ano que trago boas reflexões sobre o papel das marcas de moda em trazer conforto e feminilidade para as mulheres
Objetivo: refletir sobre como uma perspectiva histórica e simbólica pode ser estratégico para criar diferenciação em posicionamento
Flow de conteúdo:
Parte 1 - Contexto
Parte 2 - Opinião
Parte 3 - Um exemplo "e se…"
Parte 1 - Contexto
No ano passado, iniciei uma jornada autodidata sobre o universo da moda. Antes de me inscrever em cursos especializados, decidi construir um senso crítico independente para evitar ser influenciada por charlatões.
Decidi começar por um tema cada vez mais relevante em estratégias de marca: a compreensão do papel social e cultural de uma determinada indústria. Muitas vezes, negligenciamos essa perspectiva, focando em aspectos mais superficiais para entender estratégia; como a história das marcas de sucesso, dos estilistas famosos, as tendências e por aí vai… Esses elementos são importantes mas não explicam completamente as motivações por trás das escolhas de vestuário, os significados ocultos de cada look, nem a mensagem transmitida pelas peças… aspectos importantes para desenvolver estratégias que fogem do senso comum.
Escolhi esse livro para começar e nele, me deparei com trecho que me chamou atenção. A autora abordava o período em que as mulheres lutavam por incorporar itens tipicamente masculinos – como calças, gravatas, ternos, camisas e chapéus – em sua vestimenta cotidiana, visando a liberdade de movimento, saúde física e igualdade. Curiosamente, as sufragistas se opunham a isso.
Naquela época, a cultura dominante vinculava a identidade feminina às roupas, e a feminilidade era "escrita no corpo".
Os críticos das sufragistas as retratavam como desprovidas de feminilidade - tipo a feminista de bigode? naquela época, de calças …. - uma tática para desacreditá-las. As sufragistas, por sua vez, queriam enfatizar que as mulheres mereciam os mesmos direitos que os homens, e a representação da feminilidade através do vestuário era essencial para fortalecer essa reivindicação. Assim, seus uniformes em público adotavam o estilo predominante: saias, cinturas marcadas e riqueza em detalhes.
Parte 2 - Opinião
Tenho observado há um tempo o mercado da moda está mais simplista, os cortes são retos, as cores sobreis e a modelagem, em grande parte, oversized. Novas marcas, como Lela Brandão, Guardaroba e Insider, fazem sua estratégia baseadas no conforto e divulgam um produto versátil e atemporal.
Conforto é indiscutível. Nenhuma mulher quer ter sua liberdade de movimento limitada por algo que se veste. Mas acho muito interessante observar que, geralmente, a busca pelo conforto elimina os elementos tradicionalmente associados ao vestuário feminino - ex: cortes com silhueta, riqueza em detalhe, estampas etc. Algo que ficou muito comum nos últimos anos e que tem tornado as marcas cada vez mais similares em posicionamento e portfólio de produto.
E ah, quando se busca algo "feminino" aposto que você vai cair em algo que enfatiza a sensualidade de um corpo magro, que não é tão confortável assim ou que o ticket médio é acima de R$ 450 reais.
Mas, por que conforto e feminilidade precisam ser vistos como opostos? E se não forem, por que precisam ser tão caros?
Parte 3 - E se …
O conforto de corte reto e tom sóbrio já são mainstream. Não é diferente, não se destaca e não representa mais uma tensão social. Todo mundo faz assim, só muda o storytelling (que é importante, não me leve a mal).
Será que não existe uma oportunidade em explorar um território onde o conforto e os símbolos do feminino são exaltados e acessíveis para diferentes corpos e bolsos?
E se marcas como Lela Brandão, que abraçam brilhantemente o conforto em seu posicionamento, pudessem também reforçar os aspectos femininos?
Na minha percepção, aconteceria algo similar ao que aconteceu com a Sallve quando entrou no mercado de skincare: distinção clara em produto e diferenciação em posicionamento.
Vale lembrar que ainda em 2024 não faltam lugares que, conscientemente ou não, masculinizam as mulheres (escritório um deles, rs - alô alô terninho). Seguir essa linha de posicionamento abre a possibilidade para uma discussão ainda mais profunda, valiosa e atual sobre o feminismo (alô alô sufragistas).
A moda, mais do que uma expressão de estilos e tendências, é um veículo de reivindicação e identidade. Ao equilibrar conforto e feminilidade, as marcas de moda podem não apenas atender às necessidades das mulheres, mas também reafirmar a importância da representação feminina em todas as esferas da vida. Em um contexto onde os aspectos femininos são duramente questionados, seguir uma construção como essa aprofunda o propósito, cria diferenciação em posicionamento e gera relevância cultural.
Breves visos para 2024:
a partir desse ano o conteúdo será publicado quinzenalmente
no LinkedIn serei mais ativa, com posts breves e semanais; me segue lá ;)
o conteúdo será, majoritariamente, sobre os mercados de moda e beleza
Bjo Bjo e até a próxima :)